15 de jan. de 2012

Igrejas estãofechando as portas na Holanda


Igrejas estãofechando as portas na Holanda
SITE DA ADIBERJ - terça-feira,27/12/2011 10:55h

Há anos o número de fiéisestá em declínio. A tendência toma conta de toda a Europa Ocidental. A IgrejaProtestante perde sozinha, a cada ano, cerca de 60 mil fiéis na Holanda.
A Igrejaestá sofrendo um êxodo drástico na Holanda. Com duas igrejas fechando a cadasemana, um homem se tornou o principal consultor do país sobre comoreaproveitar as construções antes sagradas. Algumas são demolidas, enquantooutras encontram nova vida como mesquitas, lojas e até mesmo centros derecreação.
Os bancosda igreja são vendidos de acordo com o tamanho. Os menores, com 3,6 metros decomprimento, podem ser comprados por 40 euros, enquanto os mais longos, de 6 metros, por 60 euros. Osfiéis da cidade holandesa de Bilthoven já levaram 17 bancos de seu santuário.
Os bancosnão serão um problema, diz Marc de Beyer. Mas o órgão e a pia batismal, pesandocentenas de quilos, no fundo da igreja, serão mais difíceis.
Marc deBeyer é um historiador da arte em Utrecht, localizada a meia hora de trem deAmsterdã, mas alguém poderia chamá-lo de liquidante. Ele é o homem que fecha asigrejas. Quando uma paróquia é dissolvida, quando uma igreja é fechada, DeBeyer está lá. E ele tem muito a fazer.
Aindaexistem cerca de 4.400 igrejas na Holanda. Mas, a cada semana, aproximadamenteduas fecham as portas para sempre. Isso afeta principalmente os católicos, queserão forçados a ficar sem metade de suas igrejas nos próximos anos.
“Eestá apenas começando”, diz De Beyer.
Sua vozecoa no prédio abobadado, onde a fraca luz de outono entra diagonalmente pelasjanelas. De Beyer está atrás de um bloco do tamanho de um freezer. Até 1º dejulho de 2006, ele era o altar da Igreja de São Lourenço, em Bilthoven, aonorte de Utrecht. Mas naquele dia a igreja se tornou um imóvel no mercado e oaltar, onde os fiéis foram abençoados, casaram e lamentaram, se transformou emum pedaço de cimento.
Inicialmente,foi discutida a conversão da igreja em um centro comunitário. Mas os católicosqueriam vendê-la rapidamente e uma empresa comprou a propriedade consagrada. Noano que vem, São Lourenço será demolida, dando espaço a 62 apartamentos.
“Arquitetonicamente,a perda é suportável”, diz De Beyer. A igreja foi construída nos anos 60,quando as comunidades católicas em Bilthoven e De Biltcresciam tão rapidamente que os dois distritos passaram a precisar de trêsigrejas. Ela foi construída de forma rápida e simples.

Bancosvazios
Há anos onúmero de fiéis está em declínio. A tendência toma conta de toda a EuropaOcidental, com igrejas também sendo forçadas a fechar na França e na Bélgica.Mas na Holanda, o recuo do cristianismo na sociedade tem sido particularmentedrástico. A Igreja Protestante perde sozinha, a cada ano, cerca de 60 milfiéis. Nesse ritmo, ela deixará de existir por lá até 2050, calculamrepresentantes da Igreja.
Atendência tem levado a fusões de igrejas de várias comunidades. São Lourenço,em Bilthoven, consolidou sua congregação com a de oito outras igrejas. Masnenhuma dessas amálgamas precisa de mais do que uma igreja, um órgão e umaltar. Todos os outros cálices, cruzes e bancos precisam ser descartados. Oproblema, diz De Beyer, é que itens sagrados particularmente não vendem bem. Osprédios, ao contrário, encontram rapidamente novos locatários.
EmHelmond, cerca de 80 quilômetros ao sul de Bilthoven, um supermercado semudou para uma antiga igreja em 2001. Uma livraria abriu em uma antiga igrejadominicana em Maastricht, enquanto igrejas em Utrecht e Amsterdãforam transformadas em mesquitas. Dentre os 17 milhões de habitantes daHolanda, cerca de 850 mil praticam o islamismo. Ainda assim, muitas outrasigrejas serão simplesmente demolidas.
De Beyervem fechando igrejas nos últimos três anos. Ele estava presente quando um“plano estratégico” foi desenvolvido para transformar o Convento deSanta Catarina em um museu. Juntamente com a fundação para o patrimônio de artereligiosa, ele também escreveu um manual com instruções para o fechamento deuma igreja em seis passos – do inventário ao espólio. O guia foidistribuído entre as diferentes paróquias a partir de abril e, em breve, serátraduzido para o inglês.

‘Amelhor solução’
Recentemente,De Beyer participou de um simpósio na Alemanha e logo falará na Bélgica.Afinal, as igrejas não estão morrendo apenas na Holanda. Quando ele chega aoponto 5.4 em seu manual, intitulado “demolição”, as pessoasfrequentemente precisam recuperar o fôlego, ele diz.
“Masquando uma igreja tem pouco propósito, valor emocional ou importânciahistórica, essa pode ser a melhor solução”, acrescenta De Beyer.
Aindaassim, De Beyer vê a si mesmo como um salvador de templos. Ele quer preservar ovalor delas. Suas instruções visam ajudar a distinguir entre o que tem valor eo que não tem. Ele frequentemente visita as igrejas para fornecer orientação eapoio. Bancos e Bíblias costumam ser vendidos para os membros da congregação.
“Osaltares frequentemente encontram um novo lugar no Leste Europeu”, diz DeBeyer. “Há grande demanda lá, porque novas igrejas estão sempre sendoconstruídas.”
Há poucassemanas, uma paróquia em Arnheim decidiu por um uso totalmente novo para suaigreja, que permaneceu vazia por cinco anos. No final de novembro, a Igreja deSão José reabriu como um parque para skatistas, com rampas e obstáculos nanave, cobrando 3,50 euros para passar o dia praticando entre imagens santas.Desde então, o número de frequentadores da igreja tem sido respeitável.
Cominformações da Der Spiegel

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